Quando passei a mergulhar mais em sociologia e filosofia, foi a mesma fase em que as pessoas passaram a falar muito de empoderamento. Aos poucos, a palavra se difundiu nas redes sociais, matérias, frases motivacionais, sendo possível ser encontrada em qualquer conversa de bar, quando o assunto é autoestima, foco, coragem e afins.
O termo se espalhou tanto, que aparenta ser mais uma palavra qualquer no nosso cotidiano, mas que pode significar muita coisa. Então, mesmo tendo a oportunidade de ler alguns autores que comentam o assunto, pensei : mano do céu, afinal, o que é a palavra empoderamento?
Um pouco de prosa
Empoderamento é um termo utilizado em diversos contextos: direitos humanos, gênero, desenvolvimento social e econômico, política e outras áreas.
Ele é um processo no qual as pessoas adquirem poder, controle e autonomia de suas vidas ou ainda se tornam agentes participantes dos ambientes que vivem.
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Formas de empoderamento
A ideia de empoderamento foi disseminada por pensadores. Para Paulo Freire, o empoderamento não é um estado de ser individual, como habitualmente é comentado. É uma forma contínua de transformação para aumentar a influencia e capacidade das pessoas, sobretudo as que vivem mais oprimidas. Freire acreditava que a educação crítica libertava as pessoas e faziam com que elas transformassem o mundo.
Já para a socióloga Bell Hooks, empoderamento deve ser uma luta coletiva que deve apoiar e valorizar a diversidade, em vez de perpetuar estereótipos e preconceitos sociais. Hooks defendia a autonomia em pequenos grupos sociais e mulheres negras.
Para ela, se empoderar é uma forma de resistência ao poder dominante e uma oportunidade para as pessoas se tornarem ativas pessoas que promovem a mudança em suas próprias vidas e ambientes.
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Para os coachings, empoderamento é quando um indivíduo desenvolve autoconfiança, autoestima e habilidades para se tornarem mais eficazes em suas vidas pessoais, profissionais e atingir suas metas. É um processo onde as pessoas alcançam seu potencial e vivem uma vida mais satisfatória e gratificante.
Existem vários outros autores e pessoas que pensam empoderamento, mas aqui a ideia é diferenciar os mais comentados.
Empoderamento é uma utopia?
Nenhuma forma de pensar empoderamento é errada, ele pode ocorrer em diferentes níveis – individual, grupal, comunitário e político.
Em algo, todos os pensadores, coachings e pessoas que pensam empoderamento convergem: o conhecimento liberta as pessoas.
O fato é que todos estes pensadores que comentavam sobre empoderamento pensavam em uma vida coletiva, em um grupo de pessoas tendo autonomia.
Hoje estamos mais individualistas, comentamos muito sobre ter poder e estar no controle da própria vida, mas dentro de um mundo em colapso:
Pós-pandemia, economia feito um ping-pong, relações de trabalho se modificando, apps e AI cada vez mais velozes; enfim poderia citar várias coisas no quanto é desafiador pensar em poder, autonomia e controle sozinho.
A impressão é que há muitas ferramentas para se empoderar, e ao mesmo tempo é fácil se perder e ter a sensação de que não temos controle na vida, parecendo ser uma ideia vaga a ser conquistada.
Empoderamento pode acabar se tornando uma palavra forte que a gente vê em textos, um adjetivo para um colega de opiniões mais intensas e coisas do tipo, sendo muito fácil ficar vazia de significado, quando apenas falamos e não vivemos com ela. – Kelly Christi
Ainda assim, empoderamento não é necessariamente uma utopia, porque ele já existe. Mesmo com todos os colapsos e desigualdades, já é possível perceber a autonomia de mulheres e outros grupos sociais. Uma parcela de pessoas já conseguem aplicar estas ideias de autonomia e se empoderar individualmente, trabalhar no que gostam, amar como querem.
Se empoderar não é algo inatingível, é uma transformação diária, e como a utopia:
” serve pra isso, pra que eu não deixe de caminhar.” – Fernando Birri
K.C
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Fontes: Revista Prosa Arte | Editora Realize