A TNT e a HBO Max vão transmitir a cerimônia do Oscar 2023, no próximo domingo (12/03), às 20h. Entre os filmes indicados, são destaques questões de exclusão social e gordofobia, com o polêmico “A Baleia” ; justiça e sociedade pós-ditadura em “Argentina,1985”, e universos paralelos e escolhas em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, que lidera a edição com dez indicações.
Sou apaixonada pela sétima arte e assisti todos os filmes indicados ao Oscar 2023. Mas, calma! A ideia não é trazer todos eles hoje, apenas os mais impactantes e o que podemos aprender com eles. Bora lá?
Argentina, 1985 – Dir: Santiago Mitre
Argentina,1985 é um filme baseado em fatos reais e conta a história de Julio Strassera (Ricardo Darín) e sua equipe, que processam militares da Ditadura Militar Argentina. No longa, Strassera vive sob pressões e ameaças políticas ao ver o caso ganhar uma repercussão social e midiática.
O “Julgamento das Juntas”, como ficou conhecido o caso, foi o primeiro a colocar em pauta as torturas, repressões e ações de comandantes militares na Argentina. Estima-se que tenha durado mais de 500 horas e ouvido mais de 800 testemunhas. Do total, 709 casos foram sentenciados.
Por que você deveria ver?
A Argentina tem sua própria cultura, mas em alguns aspectos é parecida com o Brasil, boa parte da população também sofre com a instabilidade econômica e política do país, são amantes do futebol e também viveram sob uma Ditadura Militar agressiva, no qual retrata o filme.
O Brasil nunca puniu os militares pelas vítimas da ditadura, sob um julgamento rigoroso. Nos últimos anos, passamos por um retrocesso no país, sendo visível ver parte pessoas pedindo a volta do AI-5 (um dos períodos mais sombrios da Ditadura Militar no Brasil) como se fosse pedir um bis nas micaretas de Carnaval. Isto não tem nada a ver com ser de esquerda ou direita, afinal visões políticas diferentes sempre existiram, é sobre adquirir senso crítico e conhecimento à história de seu país.
É um filme interessante para perceber que na história, o passado deve servir como referência para que ele não se repita e não para fingir que ele nunca existiu. – Kelly Christi
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Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo – Dir.: Daniel Kwan e Daniel Scheinert
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo conta a história de uma imigrante chinesa, estressada com os afazeres do dia a dia, Evelyn Wang (Michelle Yeoh). Ela é dona de uma lavanderia que enfrenta problemas com a Receita Federal e vive, ao mesmo tempo, uma crise conjugal com o pacato marido e uma relação conturbada com seu pai e sua.
Porém, Evelyn entra em colapso e tem um despertar ao ver um multiverso de infinitas possibilidades se abrir, no qual somente ela pode salvar o mundo e impedir a destruição de sua família.
Por que você deveria ver?
Este foi um dos filmes do Oscar 2023 que mais me impactou. O longa mescla uma ideia de “universos paralelos”, com influências de pessoas e do mundo influenciado pela tecnologia e algoritmos. Neles as ações que escolhemos, geram reações, por vezes caótica e por vezes harmônica, mostrando a dificuldade dos seres humanos em demonstrar vulnerabilidade, lidar com as emoções e fases e diante delas transformar suas vidas.
Ao longo do filme também ocorrem umas cenas bizarras e divertidas, na medida em que os personagens trocam de mundos, ambientes, situações e pessoas, mostrando que a vida pode ser mais complexa do que imaginamos.
Pensamos que sabemos o que é certo ou errado, o que existe e o que é imaginação, e que estamos no controle da vida, quando na verdade não há uma resposta exata, podemos apenas estar presos em um cenário que nós mesmos criamos. – Kelly Christi
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Elvis – Dir.: Baz Luhrmann
O longa é um momento em que os fãs de Elvis Presley, interpretado por Austin Butler, podem acompanhar algumas décadas do Rei do Rock e a conturbada relação, de mais de 20 anos, do rockstar com seu empresário, o coronel Tom Parker, interpretado por Tom Hanks. Destaques importantes como o encontro de Presley com Priscilla, modificações socioculturais e políticas dos Estados Unidos também são evidenciados no filme e como Elvis influenciou e foi influenciado por estes fatores.
Por que você deveria ver?
Tenho a alma antiga e gosto das músicas do Elvis Presley. E se você é da mesma vibe, vai perceber que longa é uma cinebiografia para fãs se encantarem e relembrarem vários sucessos do Rei do Rock, porém conta a forma como Elvis lidava com sua solidão, perda da mãe, sua passagem pelo exército americano, manipulação do empresário e a frustração de nunca ter realizado uma turnê mundial, e a capacidade de continuar a atuar e cantar, mesmo diante de todas as suas frustrações.
Até mesmo os grandes nomes que admiramos têm suas sombras e isso não impede de criarem seu legado, enquanto vivos. Elvis é um “tapa” de que não importa o que nos fere, é a capacidade de continuar fazendo, independente do aconteça.
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A Baleia – Dir.: Darren Aronofsky
A Baleia narra a história do professor Charlie (Brendan Fraser). Ele dá aulas de inglês on-line, enfrenta problemas causados pela obesidade e têm um relacionamento frágil com sua filha, Ellie (Sadie Sink) e a ex-esposa.
Ao se apaixonar por um homem, Charlie se afasta das duas e assume um romance com ele, que falece. Com o tempo, o professor fica cada vez mais recluso e triste, sem força para se movimentar, contando a ajuda da ex-cunhada Liz (Hong Chau). Após descobrir que está morrendo, ele pede que a filha e a ex-mulher vão visitá-lo e várias camadas e sentimentos escondidos se revelam no encontro.
Por que você deveria ver?
Todos nós passamos por dores e histórias que não são muito legais para contar. A diferença está em como lidamos com todos estes desafios que a vida nos coloca. Embora comente o drama de uma pessoa que sofre com a gordofobia e afastamento social por sua condição, será possível perceber por qual motivo ele é viciado em comida e come de forma demasiada para lidar com dores muito grandes – a perda de um amor e o distanciamento de um familiar, no caso sua filha.
Temos a tendência em julgar pessoas pelas aparências e pela forma como se escondem em seus vícios, sendo que por traz deles, pode existir uma dor que nem se imagina.
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Como se Mede um Ano? – Dir.: Jay Rossenblatt
É um curta metragem de 29 minutos no qual, Jay Rossenblatt (diretor), filma a filha, Ella Rossenblatt, em todos os seus aniversários, até chegar aos 17 anos. Nestas mudanças de ciclos, ele faz a ela os mesmos tipos de perguntas e ,aos poucos, vê a menina se transformar em uma mulher, onde seus medos e alegrias também se modificam.
Por que você deveria ver?
Não é um curta metragem altamente criativo, mas atrai pela elegância e simplicidade de um pai acompanhando os passos da filha e seus questionamentos. No curta, é possível sentir o gosto da infância e como vamos modificando nossas questões e sentido de felicidade e indo mais além: nossos sonhos e projetos que imaginamos na infância e depois que ficamos adultos.
O excesso de seriedade na vida adulta, pode fazer com que a gente deixe os pequenos questionamentos da infância que é o melhor que poderíamos nutrir e às vezes, deixamos para trás, sem perceber. – Kelly Christi
Um curta bom para assistir voltando para casa, depois do trabalho.
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Lista completa de Indicados ao Oscar 2023
Além destes filmes, também são destaques Pinóquio, Avatar, Tár, Os Falbelmans, Nada de Novo no Front e Triângulo da Tristeza. Para conferir todas as indicações, acesse aqui
Os filmes estão disponíveis nas plataformas de streaming, como Netflix, HBO Go, Disney +, Amazon Prime Video, Apple TV+ e Google Play.
K.C
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Fontes: Adoro Cinema | CNN Brasil