O filme da Barbie pode trazer reflexões interessantes sobre excessos e emoções no mundo contemporâneo
Foto: Warner Bros./reprodução
Estava revendo o filme da Barbie esta semana e fiquei pensando sobre quantas mensagens o longa pode trazer e que vão além das discussões sobre o feminismo e como a mulher se sente pressionada por padrões no mundo contemporâneo.
O sucesso de bilheteria dirigido por Greta Gerwig também abre espaço para pensar a Saúde Mental, como ansiedade e depressão – tema que preocupa mais de 50% de brasileiros, sendo que 24% não realiza nem um tipo de tratamento, segundo pesquisa da Ipsos, realizada com mais de mil pacientes.
A Barbilândia e a “Psiquelândia”
Se você parar para pensar, podemos aprender muita coisa sobre o universo das emoções e da psique com as coisas que acontecem na Barbilândia. Não são poucas as cenas em que a Barbie Estereotipada (Margot Robbie) se sente pressionada simplesmente por não saber mais corresponder as expectativas da empresa Mattel, da sua comunidade com outras barbies e seu namorado Ken.
Sem saber o que está acontecendo com ela, ao ver os pés descalços, o chuveiro com água gelada e dias que já não parecem ser tão incríveis, ela busca pela Barbie Estranha para entender o que acontece e se depara com um mundo paralelo, de uma boneca com cabelos espatifados, roupa larga e colorida e certo senso de realidade, cicatrizes por ter convivido com a criatividade e o lado mais pestinha das crianças ao fazer o que queriam com a boneca.
Cena 1: Isolamento é uma alerta
Foto: Warner Bros./reprodução
Barbie Estranha (Kate McKinnon) acaba aconselhando a Estereotipada a ir para o mundo real, mas podemos perceber um isolamento e uma certa baixa autoestima por se sentir esquisita e deslocada. De acordo com especialistas, o isolamento é dos sintomas que podem ocorrer entre pessoas que sofrem de depressão. Por não se sentirem acolhidas e evitar comentar sobre seus medos, elas tendem a se isolar, sendo importante observar este alerta.
O Dr. Marco Abud, do Canal Saúde da Mente, comentou sobre como lidar com a questão, na observação prática com pacientes e no acompanhamento de pesquisas científicas sobre o tema. Segundo o Abud, o isolamento da depressão não é egoísmo, são fatores hormonais e alterações que ocorrem no cérebro:
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Cena 2: Baixa autoestima pode começar na infância
Foto: Warner Bros./reprodução
Ao ir para o mundo real, Barbie Estereotipada percebe que não fazia tão bem a todas as meninas como imaginava, tampouco contribuiu para a autoestima de todas elas. Muitas delas detestavam a Barbie e achavam que a boneca contribuiu para que outras meninas não se sentissem bem com elas mesmas.
Esta cena pode ser adaptada aos nossos tempos, afinal talvez nem todas queiram brincar com uma Barbie ou a colecionem e uma boneca sozinha não tem o poder de deixar um legado de estereótipo sozinha, mas as crianças acabam convivendo e crescendo com ideias de padrões de beleza na publicidade, redes sociais que influenciam o inconsciente coletivo e acabam se tornando adultos com baixa autoestima ou desencadeando em problemas emocionais maiores.
A Dove criou um projeto “Dove pela Autoestima” para contribuir com esta quebra de padrão entre mãe, filha, escola e sociedade, com conteúdos educativos e de empoderamento para meninas entre 8 à 16 anos.
Cena 3: O problema em parecer perfeita
Foto: Warner Bros./reprodução
No mundo real, a boneca Estereotipada se depara com a velhice, ansiedade, pessoas trabalhando, com problemas, e o estresse possível em qualquer cidade grande. Ela acaba ficando com uma “crise existencial” ao perceber havia um problema em parecer que a vida é perfeita, isto não colou muito na vida real, a ponto de sentir que no fundo não era boa em nada.
O problema em parecer perfeita pode ocasionar o perfeccionismo e a autocrítica severa, e estas características podem gerar problemas de saúde mental, segundo o Laboratório de Avaliação e Intervenção na Saúde da UFMG (Lavis-UFMG) que realizou uma pesquisa aprofundada sobre o assunto.
Cena 4: A insegurança masculina
Foto: Warner Bros./reprodução
Embora o filme tenha carregado críticas sobre o machismo, também vale apontar que o machismo e a afirmação em mostrar quem manda quando Ken (Ryan Gosling) assume a Barbilândia, vem muitas vezes de suas inseguranças em não saber demonstrar vulnerabilidade, não conhecer seu espaço, muito menos por não saber quem é, fatores que também contribuem para a baixa autoestima, que pode trazer problemas emocionais citados ao longo do artigo.
Quando ele canta “eu sou apenas o Ken” será que ele também não está trazendo à luz que é hora dos homens olharem um pouco mais para suas pressões e inseguranças?
K.C
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Fontes: Ipsos | Veja Saúde