Entenda o que é felicidade segundo a ciência e como construí-la sem pirar com a “positividade tóxica”
Abrimos a semana nos conscientizando sobre o Dia Internacional da Felicidade, em 20 de março. A data celebrada anualmente foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2012, com o intuito de conscientizar o estado de felicidade como um direito fundamental de todos.
A pergunta “O que é felicidade?” caminha com a humanidade há muitos séculos, mas a obrigatoriedade contemporânea em vender felicidade o tempo inteiro – a positividade tóxica, fez com que o questionamento se tornasse ainda mais recorrente. Alguns dizem que ela é dinheiro, para outros a possibilidade de viver um amor, há ainda quem diga que cada um deve encontrá-la dentro de si e aqui já partimos de um problema:
Muitas vezes o que se busca como felicidade é o que os outros contam sobre ela. Uma pessoa pode passar a vida tentando atingir o que os outros dizem ser felicidade e não criar formas autênticas para senti-la. – Kelly Christi
Hoje, vamos trazer algumas abordagens sobre o que é felicidade e como é possível construir momentos autênticos e felizes, mesmo diante dos desafios.
Felicidade segundo a ciência
Para os cientistas, a felicidade não é um estado constante de euforia ou prazer intenso, mas sim um estado consciente de equilíbrio e serenidade, que pode ser modificado através da observação e práticas internas como personalidade resiliência, autodeterminação. A sensação de felicidade também pode ser influenciada por fatores externos, que incluem as relações sociais, o ambiente físico e o nível de renda.
O Relatório Mundial da Felicidade, divulgado pela ONU, traz um ranking de países que mais promovem bem-estar social e econômico. Segundo relatório, os países do norte da Europa lideram o ranking, com a Finlândia em 1º lugar. O Brasil está na 49ª posição e decaiu 11 posições, nos últimos anos.
Entre os fatores avaliados em cada país estão os externos: questões econômicas, relacionamentos, progresso, solidariedade e emoções das pessoas, conflitos sociais e políticos. E também os fatores internos: como as pessoas se sentiram durante a Covid-19, a importância e a busca pelo bem-estar.
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Felicidade segundo a sociedade contemporânea
A felicidade pode variar de acordo com as crenças e valores de cada pessoa e sua busca pode ser influenciada por fatores culturais, sociais e psicológicos. Atualmente, boa parte da sociedade vê felicidade como sinônimo de conquistas, metas concluídas e bens materiais, o que tende a ser algo equivocado, afinal uma pessoa pode contar com todos estes fatores e não estar feliz.
Quando se fala em felicidade, é importante lembrar dela como um estado de ser, que não significa mostrar ter “alto astral” o tempo todo. Para o filósofo sul-coreano Byung-chul Han, em sua obra “Sociedade do Cansaço”, a obrigatoridade em ser produtivo, conectado e feliz o tempo inteiro também são formas de agressão e toxidade para as relações humanas.
Para Han, há um cansaço que é diferente do cansaço físico e pode levar a transtornos mentais como depressão, ansiedade, hiperatividade e outras doenças mentais, sendo importante uma pausa para reflexão e ócio – o ato de não fazer nada, sem ficar conectado. Eles serão cada vez mais importantes para combater o excesso de estímulos e de positividade que levam as pessoas à exaustão emocional na vida moderna.
Construindo pilares
Mesmo diante de um mundo que vende felicidade a todo tempo, é possível construir pilares para encontrar uma felicidade autêntica e possível, começando por:
1º Cultivar boas emoções. Práticas como a meditação, exercício físicos, hobbies, lazer e trabalhos em grupo ou voluntariado, podem ser boas formas de gerar bem-estar.
2º Encontrar um propósito remunerado. Embora não seja o principal fator para estar feliz, pensar no dinheiro é algo importante para a felicidade. Ele nutre coisas importantes para sobrevivência, como saúde, alimentação, moradia, portanto não se pode ignorá-lo. Um trabalho não precisa ser algo entediante, ele pode ser um propósito, algo que não agrida o estilo de vida e gere a vontade de fazer o melhor para si, às pessoas, e realizar planos e desejos.
3º Criar bons relacionamentos, sejam amorosos, sociais ou familiares. Por mais que as relações tragam desafios, crescemos quando aprendemos a lidar uns com os outros. O segredo está em ser mais seletivo nos contatos para que as conexões sejam positivas.
4º Ter maturidade diante dos ciclos e buscar novas perspectivas, afinal todos passam por momentos felizes, tristes, por vezes tediosos, a diferença está na forma como se encara todos estes ciclos para estar pronto aos novos ciclos.
5º Estado contemplativo sobre a vida, que nada mais é que um pouco de ócio. Na contemporaneidade, temos a tendência de nos orgulhamos de estarmos sempre fazendo alguma coisa, mas ficar um tempinho sem fazer nada pode ser relaxante para a mente e possibilitar bons insights criativos para o trabalho e a vida pessoal, gerando satisfação e felicidade. No fundo, toda autenticidade é simples. - Kelly Christi
K.C
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Fontes: G1 | Folha de S. Paulo | Nexo