Saiba afinal o que é resiliência e como trazê-la para o dia a dia, em momentos desafiantes
Pode parecer um “trava línguas” e até uma forma diferente de começar um artigo, mas: resiliência é uma residência. Uma casa para ser construída precisa dos alicerces, do material correto e da persistência mesmo diante dos desafios para chegar a um resultado, não é? Com a nossa mente, ocorre algo parecido como construir uma casa.
Afinal é dentro da mente onde mora nossa capacidade de raciocinar, desenvolver e lidar com emoções, sobretudo nos momentos em que é preciso criar resiliência: a capacidade de se adaptar aos altos e baixos que a vida traz, mantendo uma atitude equilibrada e entendendo que “nada é fixo e nem permanente”, já dizia Buda.
Por que algumas pessoas conseguem ser mais resilientes que outras?
Segundo pesquisadores, resiliência é uma palavra que veio da física para a psicologia, no século XIX, que significava a capacidade de um material voltar ao seu estado original, sem ser danificado. Aos poucos, foi ganhando um significado mais abrangente, como o que conhecemos hoje – a habilidade de adaptação em momentos desafiadores.
Embora esteja disponível a todos, algumas pessoas conseguem ser mais resilientes que outras por que a resiliência requer desenvolvimento e adaptação, logo depende muito de um estado mental e emocional mais estáveis, sendo importante contar com o apoio de um profissional de psicologia para lidar com estas questões, em momentos de vulnerabilidade.
Outro ponto importante é entender a cultura que cada pessoa está inserida, pois o que é resiliência para determinada comunidade pode não ser para outra. Conforme os pesquisadores Fernanda Mendonça e Marcos Magalhães, existem três tipos de resiliência: americana, europeia e latino-americana:
"A americana tem o indivíduo como centro, é baseado no conceito behaviorismo, ou seja, a psicologia comportamental. A resiliência aqui é tratada como o resultado da relação sujeito e o meio onde ele está inserido. A vertente europeia é mais relativista e o enfoque é psicanalítico, o sujeito é o mais importante para avaliação da resiliência, “a resposta às adversidades transcende os fatores do meio”. A vertente latino-americana é voltada à comunidade, o social é a resposta dos problemas das pessoas em meio às adversidades" Fernanda Mendonça & Marcos Magalhães
Como treinar a resiliência?
Como disse anteriormente, a mente é o foco e ela precisa ser exercitada para se organizar e estar limpa constantemente, feito cuidar de uma residência. Para isso, é importante criar hábitos saudáveis que desenvolvam a mente todos os dias. Em palavras mais simples:
Ser resiliente é a arte de continuar caminhando, mesmo que as pernas estejam cambaleando no momento. – Kelly Christi
O psicólogo norte-americano, Henry Murray defendia que o cérebro trabalha a partir de necessidades, que mudam de acordo com cada fase da vida. Além da necessidade, nosso cérebro trabalha com níveis de sobrevivência – como respirar, comer, respirar, ganhar dinheiro, se relacionar sexualmente, e também de satisfação – relacionadas aos prazeres e hobbies, portanto um princípio para treinar a resiliência em determinada área é criar uma resposta à necessidade. Inspirando-se nesta ideia, valeria perguntar:
- Por que estou com esta dificuldade?
- Por que preciso resolver?
- Já passei por ela antes?
- O que fiz para resolver?
- Como meus amigos ou personalidades que admiro superaram o problema?
- Quais são os pontos fortes da minha personalidade?
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Um exemplo em cores
O ator canadense Jim Carrey é um exemplo de modificar a “casa interna” e colocar cor nas paredes para construir resiliência. Mas como um artista que faz as pessoas rirem no mundo inteiro com seus filmes e é multimilionário pode ter tantos desafios?
Ele teve uma infância pobre, seu trabalho foi rejeitado várias vezes até chegar ao estrelato de Hollywood, trabalhou em clubes de comédia para se sustentar até conseguir se estabelecer como ator, época em que já brincava com a imaginação e a persistência. Em entrevista à Oprah Winfrey, o ator comentou que imaginava os diretores acreditando em seu trabalho e que ele estava ganhando um cheque que valia alguns milhões.
Carrey também passou por momentos de depressão, como a fase em que sua ex-namorada Cathriona White tirou a própria vida, após o fim do relacionamento, em 2015. O ator se afastou da carreira para cuidar de sua saúde mental e buscou apoio na espiritualidade e em novas habilidades, como a pintura. O caso se tornou um documentário de seis minutos, em 2017, “I Needed Color” ( “Eu precisava de Cor”):
Em 2022, Jim Carrey anunciou uma pausa na carreira, após sua participação em “Sonic the Hedgehog 2” declarando ter o suficiente para viver e pelo desejo de passar mais tempo com a família, mas não descartou a possibilidade de fazer um novo filme, caso o roteiro desperte seu interesse.
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Checklist da resiliência
Resiliência não cabe em uma lista, afinal cada ser humano tem sua capacidade de se adaptar às situações e é isto que nos torna únicos. Mas se resiliência coubesse em um checklist com dicas, teríamos várias coisas para aprender com o Jim Carrey:
- Ter um propósito (ser um grande ator)
- Ser estrategista (trabalhou em clubes de comédia, antes da fama)
- Acreditar no que se quer ( já imaginava que era respeitado e seu cachê era de milhões)
- Persistir no desejo (levou um tempo para que ele fosse reconhecido)
- Ser bem-humorado (ele contou em entrevistas que gosta de ver o lado positivo da vida, e também já fez muita gente rir, não é?)
- Assumir que tem um problema (assumiu ter depressão publicamente)
- Buscar novos conhecimentos (aprendeu a lidar com as emoções e buscou se aproximar do que acredita, no caso dele a espiritualidade)
- Desenvolver novas habilidades (como a pintura)
- Ter autocuidado e saber desacelerar (sente que já tem o suficiente financeiramente)
- Aproveitar a vida com simplicidade (quer ficar mais tempo com a família)
E você, encaixaria mais algum item na lista?
K.C
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Fontes: Estadão | Sobrare | Podcast Cortes | Pluris