Sabia que fazemos em média mais 35 mil escolhas por dia? E duzentas delas são com comida! É o que contam alguns pesquisadores que participam do documentário “Salto Livre”. Somos livres para tantas escolhas?
Talvez você pense “Imagina? Eu penso tudo isto o dia inteiro?” Pesquisas trazem uma média baseada em observações a partir de um grupo de pessoas, então os números podem ser tanto para menos, como para mais.
Deve ter dias que a gente pode pensar até o triplo disto! Vai dizer que nunca teve uma TPM nervosa? Uma ansiedade em que seu cérebro parecia querer saltar da cabeça, pegar o calhambeque e dar uma voltinha na rua sem você? Brincadeiras à parte, os números chamam atenção para algo interessante a ser pensado: liberdades de escolha.
Em tempos onde se fala tanto em escolher ser donx de si – atitude importante, mas comumente confundida com empoderamento – e onde se fala tanto na escolha em ser motivado, feliz, livre, é possível falhar no percurso e se isto acontecer em meio aos 35 mil pensamentos diários, está tudo bem, somos demasiadamente humanos.
Não dá pra escolher ser motivacional, otimista e feliz o tempo todo, como num feed do Instagram. Já foi cientificamente comprovado que nossas escolhas atravessam sim o poder da mente, mas perpassam também questões históricas, sociais, ambiente cultural em que se vive e naquilo que enxergamos de imediato. – Kelly Christi
Indo além da interferência em nossos gostos, as questões também interferem na forma como resolvemos um problema, tomamos uma decisão, logo o fruto de nossas escolhas não são completamente individuais e livres, por mais que no mundo conectado passe esta a percepção.
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Demasiadamente logadxs
O comportamento social nas redes nos tornou demasiadamente logadxs e provocou a tendência a achar que somos totalmente livres e estamos escolhendo o que queremos, quando na verdade são os algoritmos e uma enorme base de dados que estão escolhendo por nós: gostos, coisas para animar o estado de espirito, lugares para ir, sugestões de músicas, cursos são alguns exemplos.
Abordar o assunto depois do documentário em Netflix “O Dilema das Redes” pode até parecer cansativo e repetitivo, mas não há como evitar pensar nisto:
Quando uma máquina e suas técnicas começam a interferir no poder de decisão e escolhas, então não se pode falar em escolhas livres, pois são práticas de reflexão e autoconhecimento – Kelly Christi
Uma escolha livre e possível
De nada adianta sair das redes se boa parte da população já está conectada a ela. Independente dos dados, a internet facilita muitas questões no nosso dia a dia, então a chave não está no desespero, ficar isolado delas e também não está na ideia pessimista de não buscar escolhas melhores para si, pelo contrário.
Há ainda uma liberdade de escolha que as máquinas e situações diárias não conseguem tirar de alguém: a escolha em aprender, de aguçar a curiosidade, navegar nas possibilidades, uma escolha intransferível que não envolve só um dilema das redes, mas o delicioso dilema que é a vida.
Impressionada como alguém mapearia e contaria quantas decisões fazemos por dia! Sensacional!👏👏👏
Obrigada pelo comentário!!!