Na semana passada, fiz uma enquete sobre consumo no meu Instagram, enquanto mostrava algumas compras que tinha feito, após um período de abstinência delas no isolamento social.
Para mim, o momento tem sido importante para repensar hábitos de consumo desnecessários, descobrir coisas novas, assim como assumir algumas paixões nas quais o consumo está presente, como livros e moda.
Mas, enfim, perguntei aos instalovers: você é consumista? Pensa no que é importante comprar?
Para a minha surpresa, a maioria respondeu que não para a primeira pergunta e para a segunda pergunta, o contrário, a resposta foi 100% de sim.
Me senti estranha: será que a única consumista assumida por ali e que nem sempre acertava nas atitudes era eu? Ou será que não caberia a gente pensar mais a fundo o que é consumo?
O consumismo tem vários ângulos e são tantos que não se trata mais de um sim ou o não, mas de pensá-lo por sentidos mais amplos e trazê-los para nossa vida diária.
Os vários ângulos do consumo…
Existem vários pensadores que se debruçaram em entender o que é consumo, de tanto que ele influencia nossa vida.
Karl Marx, em palavras mais simples, acredita que as pessoas vendem sua força de trabalho e não trabalham porque gostam, mas devido a um sistema que as obrigou a fazer isto e dissimulou a ideia de que as coisas que consomem são importantes, e no fundo: elas nem sabem porque compram. Ele estava totalmente errado quando pensou tudo isto?
Para os caras da Escola de Frankfurt, não. Para eles, a ideia de consumo como forma de alienação, passou a influenciar o que chamaram de “Indústria Cultural”, influenciando as pessoas a consumir uma arte mais leve e que desse a impressão que suas vidas são menos entediantes na sociedade industrial.
Mas o mundo se modificou ainda mais entre guerras, descobertas tecnológicas, conflitos e conquistas sociais, o centro do consumo passou a ser a própria pessoa, o eu e seus desejos.
Um pensador chamado Jean Baudrillard buscou discutir este tema em suas obras e se distanciou dos primeiros ângulos citados, mostrando que reduzir o pensamento de consumo às mercadorias estava ultrapassado aos novos consumidores, pois agora eram influenciados por significados, sentidos e imagens – isto lembra alguma rede social?
Dentro deste olhar, a gente pode pensar o consumo em diversas coisas e não só a roupa, a comida, as viagens que uma pessoa pode comprar.Está na informação que se lê, os aplicativos disponíveis para baixar ou comprar, os vídeos e anúncios que passam no Youtube, o cafezinho da livraria às ideias que alguém está apto a vender ou comprar. – Kelly Christi
Todos os autores mostraram, dentro de seu tempo, que o problema não é consumir algo que se gosta, ir a um lugar que se gosta, o problema é a falsa impressão criada em torno disso:
….de que tudo o que se consome é importante, que se algo for consumido trará mais satisfação e agora todos podem consumir por preços mais justos – e infelizmente, sabemos que não é assim para todos, há uma boa parcela da sociedade excluída nisto.
O consumo além das marcas
O consumismo é algo muito mais complexo do que o poder de compra na Marisa ou Dolce & Gabbana, podendo ser multiplicado na forma de consumir Educação, nos hábitos de vida através de um consumo consciente, ao modo como se gere o tempo, entre outras coisas.
Tem gente, por exemplo, que consome coisas negativas o tempo inteiro: notícias pesadas, fofocas que não acrescentam, discursos de ódio e consomem a energia dos outros a sua volta.
E tem gente que consome coisas mais produtivas, seja por um livro, ouvindo opiniões diferentes, por uma viagem, e conseguem favorecer os ambientes que frequentam ou transformarem a si mesmas: compartilhar experiências através de seus cases de sucesso, insucesso, sussexo. – Kelly Christi
Há consumos que somam e outros alienam e apagam pessoas… Se nada escapa ao consumo no mundo em que estamos, talvez, a pergunta mais consciente a ter sido feita na enquete e também na vida seria:
Teu consumote SOMA ou
te SOME?
Bacana,interessante pensar as várias formas de consumo e pensarmos um pouco fora da caixinha
Que bom que gostou, obrigada pelo comentário 😘
Ponto de vista sobre o consumismo super rico!👏👏👏
Obrigada pelo comentário, Val, espero que tenha ampliado horizontes 😉 Bj!
Claro que sim!