Não sei você, mas nesta última semana me peguei exausta de lives, vídeos, e-books, contatos virtuais. Ao longo da semana percebi que estava ficando um pouco mais cansada que o normal no final do dia e vinha uma certa dorzinha na cabeça, toda vez que ligava o computador ou utilizava o celular.
Evitando remédios, inspirava e expirava um za-zen e lá ia eu para mais um dia de trabalho, conversas on-line com amigos, aulas de yoga, dança, mas a sensação de exaustão continuava.
Depois de pesquisar sobre o que poderia ser isto, descobri que a estafa que estava sentindo já tem nome: Zoom fatigue – um termo novo ainda sendo pesquisado por cientistas pra explicar a farofa mental que se tornou a nossa vida no isolamento social, devido a utilização de aplicativos com vídeo chamadas exageradamente, seja pra o trabalho, seja com os amigos e parentes.
O Zoom fatigue não acontece somente por causa do Zoom ou do trabalho, mas também pelo uso de qualquer aplicativo que possibilite o contato direto por vídeos: Skype, Facebook, Slack, WhatsApp – o queridão dos grupos de amigos e dos tiozões da família, entre outros.
O fenômeno acontece porque nosso cérebro não consegue comportar tantas informações ao mesmo tempo. Tal como a paciência, a capacidade do nosso cérebro se conectar e criar percepções das coisas a nossa volta também tem limites. – Kelly Christi
Com o vídeo, também vem as curtidas nas redes, alguém te mandando uma mensagem pra ser respondida, um emoji no comentário na foto de alguém, tudo ao mesmo tempo.
Se estiver numa ligação com várias janelas abertas, seu cérebro automaticamente também tentará reparar nos poucos objetos e coisas que você em cada janela da tela com quem está conversando e então, vem a estafa mental.
A Revista Harvard Business News compartilhou dicas para combater o Zoom fatigue recentemente, algumas eu já fazia, mas tentei colocar outras em prática para ver se funcionava mesmo.
Além de evitar a multitarefa, estão entre as dicas criar pausas e intervalos para descansar os olhos, no mínimo 25 minutos – 5 minutos não adianta, buscar outras alternativas pra se comunicar, como uma chamada de voz ou um e-mail se for mais formal e evitar a obrigatoriedade de estar sempre ativo para participar de tantas coisas.
Sim, dicas simples, nada complicado, que proporcionaram um alivio. Também passei a levar minha máscara para passear próximo a minha casa quando posso, depois do trabalho. As dores de cabeça melhoraram, mas é impossível não olhar em volta.
A imaturidade em manter discussões partidárias em redes sociais, ver a falta de empatia de algumas pessoas em não manter o distanciamento nas ruas, as filas pra entrar em shoppings, me provocam a pergunta interna e revoltante de quando isto vai acabar. Talvez, a pior exaustão não seja a da tela. – Kelly Christi
Vejo amigos e conhecidos perdendo pessoas para o coronavírus e na ausência de um abraço, não há nada o que dizer a não ser sinto muito.
Tento me entreter, aprender coisas novas, nutrir esperança, mas confesso daria tudo pra ir no show de rock da minha banda favorita, me arrumar pra ir ao trabalho ou sair com meus amigos, dançar, e ficar vasculhando títulos favoritos na livraria, sem ter hora pra voltar.
Isto parece uma letra de música melancólica, daquelas de quem queria viver algo e não viveu, mas não, é só o desabafo de alguém que gostaria de viver coisas simples outra vez e agora só ouve ‘MC lençol e DJ travesseiro’.