Se você usa aplicativos de relacionamentos e já desconfiou que o(a) crush pode estar com algumas respostas prontas, formuladas, e um perfil que mais parece a Alexa em forma de texto, suas desconfianças podem estar certas. Sabia que tem gente usando a Inteligência Artificial(IA), o ChatGPT mais especificamente, para conversar na fase da paquera?
Sim, existe. Embora a modalidade não seja nova, ela já é uma tendência praticada há alguns anos, devido ao aumento do número de usuários em apps de relacionamentos como Happn, Tinder e outros, e a dificuldade das pessoas em começar uma conversa com alguém que nunca viram.
Por qual motivo as pessoas usam IA na paquera?
A empresa Juicebox, que oferece o “Slutbot”, um serviço que auxilia em mensagens de texto sexuais afirmou em entrevista à GZH que a prática pode auxiliar na dificuldade das pessoas em se abrirem umas com as outras, já que namorar e transar não parece ser algo tão prático para todos. É uma coisa que se aprende no decorrer da vida.
Ter preconceito com a Inteligência Artificial, aplicativos de relacionamento e outras ferramentas é arcaico. As ferramentas podem auxiliar o nosso dia a dia, desde que elas fiquem no lugar dado a elas: ferramentas inteligentes, mas quando elas passam disso e substituem algo que é subjetivo como a paquera, é desafiador. – Kelly Christi
Sabemos que expor sentimentos e desejos não são fáceis, mas qual é a graça em paquerar de um jeito praticamente robotizado? Da mesma forma que não nascemos sabendo uma habilidade profissional e outras coisas, também aprendemos a arte da paquera.
Não é fácil, mas não é impossível
Já comentei sobre as ferramentas tecnológicas aqui no blog, no meu livro sobre cultura digital e em outros veículos – se tiver curiosidade, pode dar um Google. A arte do flerte tem sim as suas dificuldades, não só pela tecnologia, mas pelo fato da sociedade também ter mudado.
No entanto, algo continua vivo: o que leva as pessoas a procurarem aplicativos de relacionamentos é a necessidade humana e insubstituível da troca. É a vontade de trocar experiências, se sentir desejado por alguém, beijo na boca, amizade, sexo, coisas que a máquina ainda não pode fazer totalmente.
Então, pense, se uma pessoa não consegue começar uma paquera, mesmo com suas dificuldades, qual a probabilidade de ela estar em um relacionamento e não conseguir formular sozinha os seus pensamentos, dizer o que sente, as suas vontades ao outro, seja numa DR ou na hora de tomar uma decisão importante na relação? A Inteligência Artificial pode resolver isso? – Kelly Christi
Leia também: Como lidar com a “dor de cotovelo”, após um término?
Conheça aqui meu livro sobre cultura digital
Como começar a se comunicar naturalmente?
Deixar que o chatbot comece uma conversa por você, pode gerar alguns conflitos lá na frente por um motivo simples: por mais que a tecnologia seja essencial no mundo em que estamos, é difícil sobreviver razoavelmente sem se comunicar bem, isto não vale só no afeto, mas nas outras relações. Ainda é possível começar a se comunicar com os próprios passos:
Com pequenos gestos no dia a dia Comece a cumprimentar as pessoas do seu convívio, sem segundas intenções, apenas pela gentileza. Isso vai fazer com que você tenha mais facilidade na hora de puxar papo com alguém, de forma educada. Às vezes, as pessoas não conversam umas com as outras por criarem impressões, inclusive de que o outro é mais sério ou não gosta dele e nem sempre isso é verdade. Podem ser projeções.
Analisando a linguagem corporal Se o flerte for presencial, vai perceber que não é preciso ser um especialista em linguagem corporal para saber se a pessoa está a fim de conversar ou não. Desviar o olhar, estar com fone de ouvido, um andar mais apressado são sinais de que não sejam o momento de começar uma conversa e se for o caso, não force. Outras pessoas aparecerão em seu caminho.
Sendo educado(a) Ser educado vale para homens e mulheres, aliás, nós mudamos muito a forma de agir na hora de aceitar um flerte. Cantadas como "e, aí, gatinha" ou algo do tipo, pode não pegar bem e serem vistas com uma conotação machista. Tente agir com naturalidade e aproveitar os momentos para criar a oportunidade de uma conversa comum - mesmo que seja por WhatsApp. Perguntar músicas, séries, livros e hobbies, pode ser um bom começo.
Trabalhando sua autoestima Quanto menos você tem vergonha em ser quem é, melhor vai lidar com a possibilidade de um não. Sabe aquele papo de vendedor de que o não já se tem todos os dias? Pois é. Parte das pessoas nem sempre começam o dia na esperança de receber um "sim": sim de que o dia no trabalho vai ser bom, sim que o almoço vai ser bom, sim que a conversa no chat com a paquera pode ser bacana, porque nem sempre elas tentam. Se o "não" vier, entenda que as pessoas podem apenas estar em fases distintas e ter interesses diferentes dos seus. E existem mais de 8 bilhões de pessoas no mundo, de outros bairros, cidades, culturas, países, que podem se identificar com seu jeito de ser.
Treinando no espelho ou na câmera Nada melhor do que ver a si mesmo e observar como se comunica. Treine, use sua imaginação, imagine que está conversando com alguém que gostaria no espelho ou na câmera - se você tem vergonha de ligar o zoom, por exemplo. Se sentir que você tem dificuldades em começar uma conversa de forma natural, arrisque fazer o exercício outras vezes. Você pode ainda, optar por cursos para desenvolver a comunicação: teatro, aulas relacionadas à escrita, fala e à comunicação são ferramentas recorrentes a quem tem dificuldades para conversar.
Alerta
É claro que aqui trouxe algumas ideias para praticar. Em casos mais complicados de dificuldades de comunicação, o ideal é buscar o aconselhamento de um profissional.
A Inteligência Artificial (IA) é interessante para muitas coisas, mas como o próprio nome já diz, não é natural, e na arte do flerte tende a deixar uma conversa bem fria. Portanto, vale utilizar a IA com limites, afinal:
Tudo o que é demais, bizarro, se torna.
K.C
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Fontes: Exame | Buzzfeed | Papo de Homem